Sintomas do Fim do Mundo (3)

Éééééééé galera, estamos em 2012, o ano em que o mundo vai acabar. Como um bom blog apocalíptico e conspiratório, o CH3 irá trabalhar para espalhar o caos e o terror na vida das pessoas. Eis aqui, mais um sintoma de que sim, esse ano é de apocalipse, bebê.

Michel Teló conquista a Europa

A notícia correu pela internet. Michel Teló, o cantor sertanejo, conquistou a Europa. Sua versão em inglês para o hit, outrora apenas nacional, “ai, se eu te pego” alcançou o topo da parada em diversos países. Um feito inimaginável, nunca antes alcançado pela música brasileira. Um feito inimaginável há dois anos.

Naquela época, nenhuma pessoa normal conhecia Michel Teló. Exceção feita aos amigos e familiares dele, se estes forem pessoas normais. Repentinamente, ele emergiu em nossa sociedade, com uma canção de sucesso que propunha um sagaz trocadilho entre “fugir” e “foder”. Parecia ser apenas mais uma, entre tantas outras canções de duplo sentido do cancioneiro nacional.

Michel Teló poderia ter sucumbido ao esquecimento coletivo e fracassado. Mas ele voltou, ainda mais forte com o “ai, se eu te pego”. Seu mérito? Tirar a música sertaneja de uma zona de conforto que variava entre o “corno conformado” e o “romântico iludido”. Teló une o sertanejo as tradições sacanas do pagode, do funk e outros ritmos de sucesso. Amar é o cacete, o negócio agora é putaria.

Tudo bem, a sacanagem já deveria estar inserida no meio sertanejo. O grande diferencial Telólico foi a coreografia. Uma herança dos tempos de É o Tchan. Eu, pelo menos, não me lembro de coreografias em música sertaneja. E “Ai, se eu te pego”, tem uma bem fácil, com uma simulação de sexo, assim como a sociedade exige. Para melhorar, não é preciso ir até o chão. Qualquer um pode dançar.

Assim sendo, a coreografia se espalhou mais rápido do que qualquer vírus conhecido. Terroristas tentam estudar o seu método de propagação, para planejar futuros ataques químicos. Jogadores de futebol, militares em combate, famílias inteiras se unem para dançar. Se você estiver com mais três amigos numa esquina, as pessoas podem achar que você irão se abanar e mover os cotovelos para trás.

E os brasileiros ajudaram a espalhar Michel Teló pelo mundo. E seu sucesso se consolidou no momento em que ele dominou as paradas de Portugal, Espanha e Itália. Reino Unido e França serão seus próximos destinos.

A imagem de Michel Teló conquistando o Velho Continente só encontra paralelos históricos no avanço das tropas nazistas e napoleônicas. Teló ainda tem a vantagem de ser mais rápido, talvez se aproveitando da crise dos europeus. Aliás, o seu sucesso é a maior prova de que a crise européia não vai terminar tão cedo.

E para os brasileiros? Para nós, este fato pode ser encarada de duas maneiras. Por um lado, nós mostramos que somos capazes de exportar lixo musical para o exterior. Não somos apenas receptores de porcaria, somos emissores também! Se vocês nos mandam David Guetta, nós te mandamos Michel Teló. Olho por olho, dente por dente, loiro por loiro. Os estrangeiros temerão o Brasil, saberão do que nós somos capazes. Não produzimos apenas carne, soja e jogador de futebol. Também dominamos as armas de destruição.

Por outro lado, a recepção pode ser péssima. Como ficará Dilma Rousseff em seus discursos no exterior? Ela critica alguma coisa e as pessoas respondem “cala a boca minha filha, o Michel Teló é do seu país”. Como fica a situação do Brasil e o seu antigo desejo de obter uma cadeira permanente no conselho de segurança da ONU? Que segurança nós podemos oferecer quando o Michel Teló surge por aqui?

Os iranianos poderão pensar “nós lançamos umas bombinhas num lago e o pessoal fica puto. O Brasil lança o Michel Teló e ninguém faz nada? Tratamento desigual!”. Talvez, surja uma pressão internacional para que sanções econômicas sejam feitas ao Brasil. Países atingidos pela praga poderão boicotar os produtos brasileiros. A Otan poderá planejar ataques a pontos estratégicos do Brasil, como Goiás e o interior de São Paulo.

Se o sucesso de Michel Teló será motivo de orgulho ou vergonha, só a história dirá. Quem sabe avaliar a importância daqueilo que vivemos? Resta esperar que, tal qual, Hitler e Napoleão, Teló sucumba ao frio inverno russo. Isso, se o mundo não acabar antes. Porque, Michel Teló chegou. Restam apenas os outros três cavaleiros do apocalipse.

Outros sintomas do fim do mundo.

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