Apuração

O CH3 não é um blog que gosta de carnaval. Mas, isso não significa que nós o odiemos. A vida não é uma comunidade do Orkut, na qual se ama ou se odeia. Para nós, tanto faz se é carnaval ou não.

Você então nos pergunta: “então, porque vocês fazem tantos posts sobre o carnaval?”. É uma questão de logística. Na época do carnaval, as pessoas estão mais preocupadas em contrair doenças venéreas e entrar em coma alcoólico. Então, nossos fiéis visitantes, cada vez mais escassos, nos abandonam. Para tentar manter pelo menos 100 visitas diárias, escrevemos sobre o carnaval para atrair visitantes do Google, mesmo que eles não fiquem muito tempo por aqui e amaldiçoem nossas gerações.

Mas agora, o carnaval está terminando. Só falta um punhado de apurações aqui e ali para que a vida volte para a sua normalidade. É um evento fascinante. Dezenas de quesitos de difícil compreensão, julgados por pessoas de capacidade técnica duvidosa. Temos o quesito bateria. Para analisá-los, teremos músicos, ritmistas? Não necessariamente. Teremos atores pornôs, dentistas. Pessoas que se repetem todos os anos. Imagino que ser julgador de carnaval é igual a ser mesário. Se você for escolhido uma vez, jamais poderá escapar.

Um evento tenso que atrai os olhares da mídia. Para antecipar o seu resultado, fui conversar com Pai Jorginho de Ogum. Uma figura histórica do carnaval de Paranatinga. Já foi mestre-sala da Unidos do Sapo Louco e durante anos foi jurado dos desfiles de tal cidade. Até o momento em que todos os membros do CH3 foram declarados personas non gratas por lá. Tal fato faz com que Jorginho até hoje guarde uma mágoa por mim.

Dirigi-me até a casa de Pai Jorginho com um pensamento e apenas um pensamento na minha cabeça. Chegando lá, encontrei sua casa com as portas abertas. Cão Leproso dormia estirado sob a sombra de um cajueiro, ao lado de Marcão. O Pansexual estava desaparecido desde sexta. Já Alfredo Chagas estava vasculhando o Facebook de alguns correligionários. Foi então que vi Pai Jorginho de Ogum, com suas tradicionais roupas de viado velho e cara de ressaca.

Foi neste momento em que tudo se esclareceu em minha cabeça. Perguntei a Jorginho se ele era parente do Qhadaffi. Jorginho desconversou e perguntou o motivo de minha nobre visita. Disse que queria saber o resultado do carnaval carioca. Ele me disse “mas você nem gosta de carnaval”. Não neguei. Perguntei se ele também não gostava. Ao que ele me respondeu “se você soubesse o que eu já fiz por conta de carnaval”.

Deixei as amenidades de lado e perguntei logo: “afinal, quem será a campeã do carnaval carioca de 2011?”. Sem titubear ele me disse “A Beija-Flor”. Questionei-o se ele aquilo não era um palpite, ao invés de uma previsão. Ele me disse que tanto faz, que para ele, palpites e previsões são a mesma coisa. “Eu vejo o futuro. O tempo todo”, me disse.

Mas, logo ele se deu conta do risco de seu palpite enfático e completou: “mas, coloca aí que Unidos da Tijuca e Mangueira não podem ser descartadas”. Perguntei onde estava sua confiança anterior e ele tergiversou “sabe como é, o futuro pode ser transformado por modificações de uma última hora definitiva”. Aceitei sua proposta e saí sem pagar, como sempre faço nos últimos tempos. Jorginho tem um rendimento forte com sua empresa de entretenimento adulto e atualmente, faz previsões por hobbie.

Prova disso, é que antes de sair ainda vi um iPad sobre a mesa de Jorginho. Pensei então naquela situação. Se ao contrário do que eu penso, eu é que sou o personagem de um blog mantido por Jorginho de Ogum.

Dêem suas notas ao post, julgando os mais variados atributos.

Comentários

Thiago disse…
Quesito Evolução, nota 10.
Gressana disse…
Questionamento super válido no final do post.